Depois de uma conversa com o Rafa Biazão
regada de chopp e caipirinha sobre mulher,
trabalho e nossas desconfianças, pegamos o metrô.
Ele desceu na estação Carrão, desci depois
de 3 estações na Guilhermina, bairro onde moro.
Cheguei lá, comprei meu bilhete para hoje
e coloquei na carteira, ainda nas dependências do metrô,
encontrei um cara desdentado, alto de uns 1,90 mais ou menos,
moreno, com um cachorro grande todo branco, ele tossiu uma vez
e olho pra trás, eu estava do lado dele,
depois ele tossiu novamente e olho na minha cara,
como se estive me encarando,
achei estranho mas encarei de volta,
aí ele tossiu pela 3a vez e falou:
"Poutz, to com gripe suína",
dei uma risada discreta, achei meio bizarro na hora,
sei que alguns brasileiros tem uma veia humorística muito desenvolvida,
mas do nada ele fez isso, muito espontâneo.
Ele se aproximou e disse: "Fiz isso no metrô,
os cara acho que sou loco",
ri de forma exagerada após sua fala,
eu estava imaginando a cena.
Após isso ele veio me cumprimentar com um toque de mão,
cumprimentei normalmente e fui subindo a escada,
o cara subia do meu lado,
daí ele foi falando sobre a
gripe suína de uma forma embasada,
parecia que entendia daquele assunto,
chegamos na calçada e tive interesse
de ouvir mais aquele homem,
queria saber mais sobre essa doença
que está sendo citada toda hora na mídia,
porque não sabia direito sobre esta tal gripe.
E ele foi dizendo que a gripe do porco
e uma coisa do animal mesmo,
por isso quando o ser humano pega é
difícil saber o que realmente é,
daí ela piora e a pessoa morre,
após isso eles percebem que o contato
com os porcos e sua gripe foi
o que matou aquela pessoa, ele fez uma
comparação com a gripe do frango,
mas o que aconteceu foi o inverso,
o frango pegou a gripe humana e
espalhou para outros animais,
depois da explicação dele parecia muito
óbvio o que estava falando e era mesmo,
mas não dava para acreditar totalmente
no que ele dizia, nem sabia quem
ele era, qual a fonte que descobriu esta informação,
logo depois que isso
passo na minha mente ele disse:
"Você deve tá achando que é besteira tudo isso",
eu falei que não conhecia a doença
para saber se era verdade ou não,
o cara olho pra mim e coloco a mão no bolso e falou:
"Vou ti mostrar o porque eu intendo disso",
e ficou procurando algo, ele ficou uns 30 segundos
para achar uma carteirinha de identificação
toda branca e deu na minha mão,
falo para ler o que estava escrito nela,
tava lá Alberto Santos Dias,
da Secretaria Sanitária de São Paulo,
devolvi pra ele o documento, aí ele me disse:
"Trabalhei lá 15 anos, mas to aposentado agora.
Fiquei surpreso lógico, do nada encontro um cara na rua,
que me explico algo que eu não sabia nada,
pensei que podia ser qualquer
coisa assaltante sei lá...
Alberto ainda me explico mais
um monte de coisa interessante que eu ficaria
um bom tempo escrevendo por aqui,
a conversa com o desconhecido durou
uns 15 minutos fácil, aí e toquei que tava só o pó de cansado,
falei que precisava ir, ele me
cumprimentou com um abraço e fui pra casa.
Coisas da vida, aprendemos nos lugares,
momentos e situações que menos esperamos,
que bom que isso acontece, aprender desta forma
é muito mais interessante.