10/03/2011

VoZ Em FúRiA: SÓ manifestações geram transformações efetivas?


Essa questão vem me martelando minha mente há tempos,
e com as manifestações no Oriente Médio, e mesmo por aqui,
com as manifestações contra o aumento das passagens
de ônibus, trem e metrôs me fez refletir ainda mais sobre
a efetividade do ato de se manifestar contra algo.

A complexidade dessa temática é enorme,
não quero aqui dar conta de toda ela,
quero trazer para você leitor que como eu
se fode todo dia nos diversos âmbitos da vida
e é contra diversas atitudes do sistema onde vive.

OK! A revolta existe dentre de nós e sempre
vai existir, minha dúvida é como lidamos com ela
e qual a melhor forma de pensar, realizar ações
que resultem em mudanças efetivas ou impactos
sociais de grande relevância.

O exemplo que vou usar é das manifestações
contra o aumento da passagem mesmo,
não quero utilizar os conflitos do Oriente Médio
porque avalio ser uma situação crítica ao extremo,
uma experiência ditatorial de longos anos onde
um povo como um todo vivenciava uma violência
tão brutal que nem imaginamos o quanto,
mas é interessante fazer essas ressalvas
para uma mega ação coletiva de um povo
que conseguiu e está conseguindo mudanças,
bem diferente de nossas manifestações.

A crítica não é as manifestações em si,
sou totalmente á favor que as pessoas
se expressem da forma que for,
o que não concordo é com as pessoas
que acham realmente que ir na passeata,
manifestação e afins vai conseguir uma mudança,
uma transformações nas suas vidas.
Pessoas, vamos entender algumas coisas,
manifestar-se não é sinônimo de mudança,
esse ato serve como um desabafo,
mostrar uma ideia que é para pessoa
uma verdade melhor da que está vigente.

A manifestação pode ser o inicio
de uma mudança claro, mas só ela não resolve
muita coisa e estamos vivendo isso agora
com as manifestações sobre a passagem.
Acho que é uma estratégia para e não o que
gera a mudança, o interessante é o pós
manifestação. Beleza, o cara vai na rua
com uma galera, vai protesta,
mostra sua revolta, e depois? O que acontece?
O problema está aí, será que
as pessoas que vão as manifestações
querem uma mudança efetiva?
E se elas querem, o que fazem de FATO
para que a mudança aconteça?

Temos um grande exemplo no nosso país de manifestações
de mudanças, os caras pintadas é uma das maiores demonstrações
que temos de indignação popular para uma mudança
e isso marcou tanto que influência até hoje
as juventudes do nosso país, mas isso tem três pontos:

O primeiro foi a mobilização e organização da sociedade
para tirar um presidente corrupto do poder.
O segundo foi a efetividade e conquista do
objetivo dos caras pintadas, tirar o Fernando Collor do poder.
Mas o problema real é o terceiro, o movimento cara pintadas
surgiu em nível nacional, conseguiu o que queria, aí acabou.
E a corrupção na política acabou? Todos sabemos que não.
A continuação, a pós-conquista é tão importante quanto a conquista em si.

Já as manifestações atuais aqui no Brasil são sempre
formadas de vários grupos, movimentos, partidos e gente aleatória
que não está ligando muito pela causa real daquilo,
por isso afirmo sem nenhum receio que as manifestações
atuais não tem um poder efetivo, um impacto social
que pode causar uma transformação.

Vejo que esse tipo de ação atualmente não é tão efetiva
para alguma transformação, a galera vai lá taca fogo,
xinga, grita, entra em confronto com a polícia e depois
vai para casa esperar o próximo ato de indignação,
a mudança é um processo continuo e não pontual,
então as manifestações por si só não adianta
na questão de resolução de problemas.

Se 500, 1.000 pessoas da manifestação contra o aumento
das passagens dos transportes coletivos pulassem
a catraca para ir embora de uma manifestação
aí eu daria valor, é uma ação efetiva, que impacta
as pessoas, que prejudica a porra do sistema de alguma forma
e pensar em outras ações também. Sei que não é fácil,
e só dei um exemplo de uma ação de grande impacto,
que o cara lendo o jornal, vendo TV, se sentiria representado.

Só queria trazer esse olhar para vocês pensarem
sobre o que anda acontecendo na frente de nossos olhos
e que percebam que mudanças são movidas por ideias
que estão sempre em mente, e por elas estarem sempre
em mente, geram uma vontade de revolta,
de transformar e isso só será possível com
ações reais, verdadeiras e efetivas.

2 comentários:

Tardes de outono disse...

Manifestações nunca, sozinhas, gerarão uma transformação efetiva no sistema que vivemos hoje. Concordo quando vc diz que são o começo de algo, porém acredito que o que pega é sempre o pós. É fácil pensar em manifestações, em passeatas, mas e depois? Essa é a questão que é falha.. Uma atitude vale muito? Claro que sim, pular catracas, passeatas, ir para frente da casa de fulano. Mas e aí? A consciência política da população lembra que é dever nosso pensar em quem nos representa? Que o cara ou melhor, as pessoas que estão lá num âmbito político devem pensar e agir nas reais questões nas quais a população vive? Enfim, isso é uma mega discussão.. mas acredito muito que o pós tem que ser levado em conta na hora de pensar uma mudança e que antes de qualquer coisa, somos responsáveis por transformações efetivas na sociedade que vivemos.

Tardes de outono disse...

Para ficar registrado, não to discordando de nada que disse... Só acrescentei!

=P